sábado, 29 de setembro de 2012

Meia Rota


Oí cáras tudo beín?!

Estou de volta, de volta estou. Mas por pouco tempo, que isto de clicar em teclas sem o objectivo de visionar filmes educativos sobre interacção de corpos é vantajoso por vários motivos e, por isso, dá trabalho... são vários motivos, demasiados... cansa. E estar cansado sem ser para ganhar o pão nosso de cada dia, nestes tempos não rende. Há que poupar, fazer as contas e não desperdiçar dinheiro essencial para a sobrevivência, nossa e de todos, que isto da economia gosta de se meter com todos, a atrevida... sua pega!

Epah, por exemplo, agora assim de repente, se for preciso um orçamento para uma casa nova porque a antiga está com humidade nos cantos e tinha pó numa estante, mais vale deitar abaixo e construir uma nova. Ora foi isso mesmo que o Banco Central Europeu fez e muito bem.
O prédio antigo estava com cheiro a mofo então, como qualquer outro proprietário preocupado e atento, muda-se de casa e faz-se um orçamento de 850 milhões de euros para um novo prédio.
Tirar a humidade do prédio antigo custava uns 100 mil, mas voltar a entrar num prédio que já teve um fungo maligno nas paredes era demasiada pressão a colocar nos funcionários. O visionamento de vídeos cómicos na Internet, o ocasional avião de papel para o colega do lado, o tão repugnante piropo à colega gostosa, já não seriam os mesmos. O fantasma do mofo no canto da parede iria certamente diminuir a produtividade dos empregados em todas estas actividades cruciais. Nada a apontar então.

Passemos então à derrapagem em cerca de 40% do valor estimado, apenas mais uns 350 milhões, passando de 850 para uns modestos 1,2 mil milhões. Eu sempre achei que funcionários de um banco soubessem coser meias rotas... e confirma-se, sabem e bem! A minha modista tem como centro de operações um balcão do Montepio. Agora metê-los a fazer contas? Não contem com isso. Desses 350 milhões, 200 são da inflação nos materiais de construção e tal, os tais mitos da economia... recessão, austeridade... eu lá acredito nessas coisas. Agora os outros 150 que são justificados como 'desafios imprevistos', já fazem todo o sentido. Sei de fontes seguras que o antigo edifício não possuía sequóias gigantes e nenúfares numa cascata no hall de entrada. Ora como é que se recebem as pessoas sem sequóias e nenúfares? Toda recepção devia ter uns vazinhos com plantinhas... Eu tenho um pé de feijão verde no meu hall de entrada e mesmo assim há pessoas que me criticam e depois de me censurarem duramente e com razão, não entram em minha casa. É assim. Por isso 150 milhões para uns vasos com plantas parece-me razoável e mais que justificado.
Não sejam críticos vá... Nem são eles os primeiros a romper as meias debaixo da mesa. Qualquer coisa e chama-se o Governador do Banco de Portugal para ele coser mais uma meia rota, que pelo menos a falar dá a entender que sabe meter a linha no buraco.

Vando Campos, 'aquele tão importante que até bancários cosem-lhe as meias'